Yasmine Amar Kaur

Flamenco em Cuiabá

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Reflexões de La Polaquita



Diante a complexidade do que representa a Cultura Flamenca, muitas vezes me coloquei com tímida postura diante desse Universo de conhecimento, chegando até mesmo duvidar de que fosse capaz de empreender sozinha a missão de levar adiante o estudo de Flamenco nesta cidade.

Algumas coisas me fizeram perceber que estava errada ou, no mínimo, amedrontada. 

Uma delas foram as alunas que chegaram até mim e me fizeram perceber que eu era capaz de criar - o que mais me fascina em ensinar danças - e produzir coreografias.  

A outra, foi a maturidade e a intuição aflorada, que permitem uma compreensão muito maior e Holística de todo o processo, indo muito além da técnica pela técnica.

E assim, nossas aulas foram sendo desenhadas...

Não são aulas exclusivamente de Flamenco. São aulas de expansão de corpo e alma através das danças andaluzas e ciganas, inclusive e principalmente, o Flamenco.


Quando nos permitirmos ir além da escrita coreográfica e de toda formalidade necessárias à boa técnica, nos permitirmos sermos nós mesmos na Dança.

E é exatamente essa riqueza de possibilidades que a dança nos propicia que me encanta!  A liberdade!  A autonomia presumida. A possibilidade em desenvolver um trabalho que muito me agrada com pessoas fascinantes. Não vejo nada mais gratificante do que ver a transformação dessas mulheres no decorrer das aulas. A força física e espiritual!  A postura altiva, a segurança, a beleza e sensualidade revelada. São mesmo borboletas prontas pra vôos muito altos. 

Essa possibilidade de colocar em prática , como Educadora Física, tudo o que sempre acreditei, me fascina a cada dia mais.

Como artista, quero sempre essa sensação de liberdade sem a qual não valeria a pena.

A dança Flamenca é essencialmente cigana. O que é ser livre como um cigano? A liberdade da própria dança que em si carrega a beleza em saber que cada gesto possui um significado, um sentido muito profundo, uma transformação.

As coreografias para um grupo são totalmente necessárias. 

Mas é no improviso que surge a expressão mais profunda da alma.  O improviso é uma arte efêmera. Após dançá-lo, se esvai completamente como particulas de poeira ao vento. Um presente pra alma de quem capturou... único! Totalmente exclusivo!


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