Yasmine Amar Kaur

Flamenco em Cuiabá

domingo, 18 de abril de 2010

Jalear - Um resgate às raízes flamencas !



Ato de acompanhar e animar o baile, cante e guitarra com palmas, gritos de incentivos, com um conjunto de vozes, expressões e exclamações ou outros elementos que se empregam para jalear.

São gritos instintivos, espontâneos, locuções admirativas e interjeições. É muito usado nos estilos festeiros.


Exemplos:

anda!
Eso!
así se baila!
toma que toma!
que guapa!
vamo ya!
viva Dios!
Olé!
Arza!
Vamos ayá!
Hassa !
Fuerza!
Eso es!
mira como baila!
mira que guapa!

Garcia Lorca, o grande poeta andaluz, em 1922 (junho), lançou um concurso juntamente com Manuel de Falla para reestimular o "Cante Jondo" que considerava em decadência , especialmente por faltar "el jaleo". Este era constituido pela interferência do público de forma intensa, estimulante, à moda oriental. O "jaleador" acompanha o "cataor" e o "palmeo" (bater palmas) criando aquela atmosfera vibrante, forte, típica da região da Andaluzia. Segundo o poeta Antonio Machado, o "jaleo" corresponde ao coro da tragédia grega; outros afirmam que é a maiêutica do canto. Ainda comparado ao fado e ao blue, o "cante jondo" é uma representação do lado trágico do próprio viver.

Lorca nesta busca pelo purismo do "jaleo", acusa o canto típico andaluz ter-se transformado no flamenguismo que ele considerava ridículo. A guitarra que se ocidentalizou, tem importância fundamental no "cante jondo", mas alguns desses cantos são pura voz cuja variação de timbre, estilo, alterações a voz é que fazem o seu fascínio, como nas "Saetas" gravadas pela Niña de los Pines que foi para Lorca uma das musas do "cante"; também Martinete - o canto dos ferreiros em seu trabalho, ou "Saeta" cantadas na procissão da Semana Santa.


(El Jaleo - 1882: Isabella Stewart Gardner Museum, Boston)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Glossário Flamenco

Glossário Flamenco
(Andressa Rocha)




A


(Retrato de dama con abanico - Raimundo Madrazo)




ABANICO: Leque pequeno para usar no baile.

ABANDOLAO: Voz típica que se aplica por um toque por malagueñas, tocada no compasso de um fandango. O nome pode proceder também de bandoleros, muito freqüentes em sua época na Serrania de Ronda, em Córdoba.

ACABALLADO: É chamado assim os guitarristas de Andalucía oriental à sucessão de muitas notas efetuadas com grande velocidade, quando o mesmo não consegue dar as cinco notas necessárias.

ACENTO: Nota do compás sobre a qual se exerce maior força. Com esta medida se pode diferenciar inclusive dois palos submetidos exatamente aos mesmo tempo, como é o caso do fandango e da soleá.

ACOMPAÑAMIENTO: Trabalho que faz o guitarrista quando tem que seguir o cante ou o baile. Um bom guitarrista de acompanhamento deve conhecer ambas as facetas do flamenco, assim como o cantor ou bailaor o qual acompanha neste momento.

ACORDE: Conjunto de três ou mais sons diferentes e combinados harmonicamente.

A COMPÁS: Indica o estilo dos cantes que se executam marcando claramente o ritmo e a batida do estilo correspondente.

AFICIONADO/A: Pessoa que tem muita afinidade com a arte flamenca, a vê e a estuda com prazer. Também denomina o intérprete (toque, baile ou cante) que não o exerça profissionalmente.

AFILLA: Tipo de voz rouca, forte, intensa, dentro do Cante Flamenco. A mais apropriada para o cante gitano e jondo.

AFINAR: Tensão das cordas da guitarra para que o som seja adequado. Isso deve ser feito freqüentemente antes de tocar o instrumento.

AFLAMENCARSE: Fenômeno pelo qual uma estrofe ou canção de qualquer gênero adquire características flamencas.

AGACHONAR: Vocábulo com o qual jogam os gitanos para referir-se ao cante que não soa a gitano ou às pessoas que não pertencem a sua raça.

AGUDO: Som das notas que se executam sobre as três primeiras cordas, também chamadas de cordas primas.

A GUSTO: é a grata situação em que se encontra o cantor, bem acompanhado pelo toque e rodeado de interessados que o escutam com prazer e jalean sabendo o que estão fazendo.

AIRE: Termo que descreve a expressividade, a atmosfera ou caráter geral de uma performance flamenca.

AJONDAR: Quando um bom cantor abre mão de seu saber e de seus recursos e imprime em seu canto a força.

AL AIRE: Guitarra. Tocar sem pestana.

ALE, OLÉ: Existe uma corrente que acredita que a expressão venha da palavra árabe: Alá /Olé!

AL DESCUBIERTO: Situação difícil que se encontra um cantor, quando não consegue acompanhar o toque, porque o tocador não toca na velocidade necessária e porque não termina o canto a tempo.

ALZAPÚA: Técnica que consiste em apertar com o dedo polegar repetidamente uma mesma corda de som grave na guitarra flamenca.

ANDALUCÍA - Compreende a região sul da Espanha. É uma comunidade autônoma formada pelas províncias de Almería, Cádiz, Córdoba, Granada, Huelva, Jaén, Málaga e Sevilla , a capital. A Andalucia é o berço do Flamenco.

ÁNGEL: É a graça e a simpatia, o encanto de uma pessoa. No flamenco diz-se que tem Ángel quem canta, baila ou toca, em sua feição podemos ir para outra dimensão, do céu ao inferno, reconhecendo o Ángel de cada um.

A PALO SECO: Cantes sem o acompanhamento da guitarra, só com uma voz (na canção lírica se chama capela).

APAGAR: Momento em que uma nota deve deixar de soar.

APORREAR: Modo de tocar guitarra em que a mão direita somente emprega golpes e rasqueados.

APUNTAR: Cantar baixo, chamando o cantor, ou entoar um canto sem lançar-se, mas sabendo o que se canta.

ARABESCO: No cante, são adornos que introduzem o cantor na melodia. No baile é a posição dos dedos separados da bailaora antes de desenhar o compasso no ar.

ARMONÍA: União e combinações de som simultâneos e diferentes. Arte de formar e casar acordes.

ARO: Parte lateral de uma guitarra. É complicada de fazer, pois há que dobrar a madeira para moldá-la.

AROS /PENDIENTES: Argolas/Brincos.

ARPEGIADO: Técnica de toque na guitarra empregada para interpretar acordes com notas consecutivas e não simultâneas. A primeira das cordas se toca com o polegar e as restantes com os demais dedos alternados.

ARRANCARSE: Começar a execução de um cante ou baile flamenco.

ARREGLO: São os arranjos ou modificações que se realizam sobre um baile ou um cante, de acordo com as qualidades de quem o interpreta.

ARRIBA: É chamado toque por arriba ao que se executa sobre os tons graves, sobre mi/fa ou mi/si.




B



BAILAOR/A: dançarino(a) que baila flamenco.

BAILE: É a denominação habitual que se emprega pra designar a dança flamenca. Elipse do baile flamenco.

BAJAÑI: Palavra pertencente a língua caló, muito utilizada pelo povo cigano e significa “guitarra”.

BASE RÍTMICA: Pontos rítmicos sobre os que se apóia o compás, normalmente associados a uma série de acordes que definem o palo.

BATA DE COLA: Traje de mulher andaluza em determinadas festas, ou figurino usado por bailarinas dependendo do baile. Caracteriza-se por uma saia ou vestido com cauda.

BINARIO: Cada uma das subdivisões de um compás, em que uma parte se divide em duas colcheias.

BLANCAS: Na linguagem coloquial flamenca se chamam assim as três primeiras cordas da guitarra, que também denominam-se primas.

BRACEOS: Movimentos executados com os braços, durante o baile flamenco.



C

(castañuelas)

CABAL: Pessoa autêntica e interessada que sabe calibrar a qualidade do que se vê ou o que se escuta no flamenco.

CAFÉ CANTANTE: Local onde serviam bebidas e ofereciam recitais de cante, baile e guitarra. Durante seu apogeu, na segunda metade do sec. XIX, contribuíram para difundir a pratica profissional do flamenco. E sua decadência ocorreu nos primeiros anos do séc. XX.

CAÍDA: Chama-se assim o término de um cante, que se faz baixando muito a voz sem perder o ritmo e o compasso.

CAJÓN: Caixa acústica de madeira oca usada por percussionistas.

CALÓ: língua falada pelos ciganos na Espanha, em Portugal, e no Brasil; calão, cigano, gitano, lusitano-romani, romani-ibérico, romenho. [É diferente de qualquer outro romani, uma vez que conta com um vocabulário ativo de cerca de 100 palavras do romani, com estrutura do português e do espanhol].

CAMBIO: Modificação habitual em certos estilos utilizadas para acabá-los melhor fazendo-os mais ágeis e vivos.

CAMELAR: significa “galantear” ou amar, querer, desejar. No ambiente gitano é uma palavra muito utilizada entre os apaixonados.

CAÑI: De raça gigana. No folclore nacional é muito conhecido o pasodoble España Cañi.

CANTAOR: Artista que canta flamenco. Cantor ou cantora, e se distingue assim de qualquer outro estilo de cante.

CANTE: No flamenco nunca se utiliza a palavra canto, como nos outros tipos de música, somente cante para designar o termo que se refere ao canto musical em si e na ação de cantá-lo.

CANTE AD LIBITUM: Cante executado à vontade , ao gosto do cantor, sem ajustar-se a nenhum compasso.

CANTES A PALO SECO: Cante interpretado sem o acompanhamento da guitarra, nem acompanhamento musical de nenhum tipo. A única música é a própria voz.

CANTE ALANTE: Cante que se executa para ser ouvido sem baile. O cantador se situa na parte dianteira do cenário.

CANTE CAMPERO: São denominados os cantes de origem camponesa, como os fandangos regionais e todos os que levam um nome relacionado com o trabalho agrícola.

CANTE CARO: É o cante bom, de interpretação impecável e que está isento de qualquer floreado banal.

CANTE CHICO: Expressão subjetiva que denomina os cantes menos solenes e mais apropriados para o baile.

CANTE DE ATRÁS: Cante que se executa para acompanhar o baile. O cantador se situa ao fundo do cenário.

CANTE FESTERO: É o tipo de cante alegre, vivo, rítmico e animado, como as alegrias, as bulerías, as rumbas e os tangos.

CANTE GITANO: Denominação muito subjetiva, que não se refere ao conteúdo, mas somente ao cante cantado por elementos da raça cigana.

CANTE GRANDE: Expressão subjetiva de denomina os estilos mais solenes do cante. Cante exímio, bem interpretado.

CANTE LIBRE: é o que não se ajusta ao compasso, deixando o cantor interpretar livremente.

CANTE JONDO: Inclui os estilos com ressonâncias arcaicas. São cantes mais solenes e de grande força expressiva, primitivos, com base em sentimentos transcendentais e profundos.

CANTE P’ALANTE: É o cante em que o cantor fica à frente dos tocadores perto do público; é um cante que se escuta e não se baila.

CANTE P’ATRÁS: É o cante em que o cantor fica atrás dos tocadores, cobrindo uma função de acompanhamento do baile.

CANTES DE LAS MINAS: Dentro dos cantes de Levante tem especial significado os das comarcas mineras de Almería, Jaéne Múrcia, que são as cartageneras, as mineras, as tarantas e os tarantos.

CANTES DE LEVANTE: São todos os cantes de Murcia e da zona de Andalucía oriental ou de Levante. São os estilos próprios das comarcas de Granada (granaína e média granaína), Málaga (malagueñas e verdiales), Almería (tarantas e tarantos), Jaén (tarantas) e Murcia (tarantas, cartajeneras e mineras) e os fandangos regionais de todos esses lugares.

CANTES DE TRIANA: Considerada como vértice do triângulo fundamental do flamenco, triângulo que se completa com Jerez e Cádiz, se conhecem como tal os que se consideram próprios do bairro sevillano, como as tonas, as siguiriyas, as soleares e os tangos.

CANTES DE UTRERA: é considerado uma das sedes do canto especializado, neste caso das soleares.

CANTIÑEAR: Não é exatamente cantar mas simplesmente entoar o cante em voz baixa ou a meia voz, com mais estilo e sem reservas.

CASTAÑUELAS: Castanholas

CASTAÑETAZO: Golpe seco e desafiante que produz a bailaora com as castanholas, sobretudo com a mão esquerda.

CASTELLANA: Ou estribillo característico das Alegrias - No baile por Alegrías é a parte que corresponde ao estribillo do cante por castellana. Se compõe de paseíllo, marcajes, remate e cierre.

CATALUÑA: Comunidade autônoma espanhola, situada a nordeste da Península Ibérica que faz fronteira ao norte com a França, à leste com o Mar Mediterrâneo, ao sul com a Comunidade Valenciana e a oeste com Aragón. Esta situação estratégica favoreceu a relação intensa com o restante dos países mediterrâneos e com a Europa continental. A Capital da Cataluña é a cidade de Barcelona.

CEJILLA: Peça que se fixa sobre o braço da guitarra para subir o tom.

CIERRE: (Fechamento) Determina a ação de fechar uma seqüência de movimentos. Utiliza-se como sinal para dar por finalizada uma parte do baile e dar entrada a outra.

LAVIJERO: Zona superior do braço da guitarra na qual são inseridas as cravelhas para afinar o instrumento.

COLÍN: Bata de Cola pequena.

COLGADO: Movimento do corpo, braços ou mãos que encerra o compasso de marcação rítmica.

COLMAO: Estabelecimento de comidas e bebidas que substituíram os cafés cantantes a partir de sua decadência. Lá aconteciam reuniões de cante, baile e toque flamencos, denominadas popularmente de juergas.

COMPÁS: É quando se interpreta um cante ou um baile seguindo estritamente os ritmos e as cadências do palo abordado, levando em conta o acompanhamento da guitarra.

COPLA: Verso ou composição poética breve que faz as letras das canções mais populares e entre elas, as que compõe o cante flamenco; geralmente com versos octossílabos acompanhados de rima assonante nos pares. Estrofe de quatro.

CUADRO FLAMENCO: Grupo de artistas de flamenco, composto por cantores, guitarristas e dançarinos reunidos para uma apresentação. Uma pequena “juerga”.

CUERDAS: São os fios que fazem uma guitarra tocar, eram fabricadas com tripas antigamente, hoje são feitas de fibra sintética.


D




DECIR: Cantar. Em especial cantar com um estilo peculiar, conferindo ao cante intensidade e comunicação plenas.

DESPLANTE: Arremate que se dão golpeando com os pés em geral ao final da melodia. Seção de uma dança, assim como em “desplante por bulerias”, per formada após a chamada . Pode variar desde muitos passos até vários compassos dependendo da coreografia. Atitude ou caráter que se dá à postura final de um passo.

DUENDE: Encanto misterioso e inefável do cante. É uma expressão poética que dá nome à magia intrínseca do flamenco, um estado sublime de inspiração, quase um êxtase, um transe, que se apresenta de forma inesperada, sem justificação aparente e que não tem duração fixa. Para os flamencos, é um estado de exaltação que se manifesta nos seus intérpretes. É um sentimento que se observa, sobretudo nos palos por fiesta.



E

(escobilla)


ÉBANO: Tipo de madeira, muito dura e muito cara, que os fabricantes de guitarras utilizam para a fabricação de diapasões.

ECO: Conjunto dificilmente definido de sons claramente atribuídos a um cantor determinado. Somente é atribuído um eco concreto aos maiores cantores.

EDAD DE ORO: Chama-se assim o período que vai mais ou menos de 1870 a 1920, considerado pela literatura flamenca como a mais importante na definição e estruturação de estilos e também a época que se contempla a aparição de mais figuras, especialmente do cante.

ENTRADA : entrada do dançarino

ESCOBILLA: Parte do baile dedicada ao sapateado.

ESCUELA: Estilo imposto por um criador genial e seguido por muitos que dele aprenderam ou nele se inspirou.

ESO ES: Isso! Vamos!

ESTRIBILLO: estribilho, frase musical




F



(falda flamenca)


FALDA: saia

FALDA COM VOLANTES: Saia de babados.

FALSETAS: Frases melódicas que o guitarrista flamenco executa intercalando o cante. Também pode ser a introdução para um baile ou para uma seqüência de escovilla.

FEMENINO: Vocábulo típico da linguagem flamenca, que se refere aos sons das três primeiras cordas de uma guitarra que se chamam também de sons agudos.

FIESTA: É uma reunião de aficionados e intérpretes das mais distintas expressões da arte flamenca, reunião na qual se interpreta uma atmosfera cordial e amistosa, sem bagunças e com o máximo de respeito.

FARALÁ: É uma espécie de babado que enfeita o traje feminino ou de passeio, especialmente nas populares feiras andaluzas, em que todo mundo, principalmente as mulheres, se vestem com os trajes típicos e entre eles o traje de “faraloes”, que é uma traje de cigana.

FLAMENCO: Termo com o qual se designa o conjunto de cantes e bailes formado pela fusão de certos elementos do orientalismo musical andaluz dentro dos peculiares modos expressivos gitanos. O Flamenco é uma manifestação cultural que se originou na Andaluzia, com uma existência de aproximadamente dois séculos. A origem do nome Flamenco em seu significado atual, que aparece documentado já ao final do séc. XVIII, está ainda sem resolver.
O flamenco é atualmente dividido em 3 categorias:

Flamenco Jondo - Flamenco antigo. É a forma mais tradicional do flamenco.

Flamenco Clássico - Flamenco tocado de forma mais moderna que utiliza técnicas novas tanto para a (guitarra flamenca) quanto para a dança flamenca e para o cante flamenco.

Flamenco contemporâneo - Trata-se do flamenco jondo e clássico somados aos jazz e ao fusion.

FLOREAR: É o toque de duas ou três cordas da guitarra com três dedos, sucessivamente e sem parar.

FLOREO: movimento das mãos na dança flamenca.

FONDO: Parte posterior da caixa de ressonância de uma guitarra, que somente é feita de madeira de cipreste.

FUERZA: Característica do guitarrista que mede o nível de vibrações que é capaz de extrair de uma corda com um só golpe.



G
(gitana)


GACHÓ: Palavra pertencente ao idioma caló, cigano, que quer dizer homem, e mais especificamente o amante de uma mulher, também utilizada pelos ciganos com um tom um tanto depreciativo para referir-se a um cante que não soa como cigano.

GITANOS: Povo nômade que chegou a Península Ibérica por volta do séc. XV. Ciganos.

GLOSOLALIAS: Elementos vocais simples. As mais usuais no flamenco são os “ayes”, ou seja ¡ay!, ¡ay!, ¡ay!, repetidamente enquanto se canta. Ou também iniciar um cante entoando a voz com expressões como “tara tan tran, tran tran tran” (característico nas alegrias de Espeleta) ou as “trajili trajili” que alguns empregam nas bulerías.

GUARACHA: Divertida variante do som cubano, muito alegre e descontraído, provável antecedente da rumba flamenca.

GUITARRA: A guitarra flamenca é uma mescla da guitarra mourisca e da guitarra castellana. É uma guitarra mais ligeira que a clássica, construídas com madeiras mais leves, com uma caixa de ressonância menor, normalmente feita da madeira de cipreste.



H

(Hermética- gitanos bailando fandangos)

HASSA: Expressa incentivo ao bailarino, músico, como dizer: Está ótimo, vamos!

HERMÉTICA: Historicamente se chama assim a época primitiva em que o flamenco era executado na intimidade das famílias ciganas.

HONDO: das profundezas, profundo


I



IDA OU COLETILLA: (saída) Parte final do baile. É composto de paseíllo, remates e cierre.

INTRATONAL: Variação de um mesmo tom.



J


(jondo)

JACARANDA: Madeira da árvore Jacarandá utilizada para a construção do aro e do fundo da guitarra flamenca.

JALEAR: Ato de acompanhar e animar o baile, cante e guitarra com palmas, gritos de incentivos, com um conjunto de vozes, expressões e exclamações ou outros elementos que se empregam para jalear. São gritos instintivos, espontâneos, locuções admirativas e interjeições, sendo exemplos: Olé!, Ezo!, Así se canta!, Arza!, Vamos ayá!

JÍPIO: É um grito agudo e prolongado, como um profundo “ai” que se prolonga e se retorce nos extremos do cante, dando-lhe uma profunda autenticidade.

JONDO: Adjetivo que se aplica ao cante flamenco mais puro. Variação do hondo, mais associado a dança flamenca.(cante...).

JONDURA: Força expressiva do flamenco em sua interpretação mais emotiva.

JUERGA: Festa ou reunião de aficionados e interpretes de um bom flamenco em um ambiente idôneo para a melhor manifestação do baile, cante e guitarra. Festa flamenca onde cantaores, tocadores e bailaores colocam em prática suas artes.



L
(llamada)


LAÍNA: Tipo de voz fina do cante flamenco.

LASTIMAR: Na arte flamenca diz-se que quem lastima é o interprete capaz de emocionar ao que escuta.

LATIGO: Forma de produzir um som arrastado do pé ao solo; Escovar.

LETRA: Conjunto de versos que formam a “copla”. Parte do baile que corresponde à letra da música, se compõe de: llamada (chamada), marcajes (marcações), paseíllos (passeios), desplantes e remates. Termina em algumas ocasiões com uma pequena escobilla e um cierre.

LLAMADA: chamada : movimento da dança sinalizando mudança. Determina a ação de chamar. Utiliza-se como sinal para que o cantaor comece a cantar.

LUTHIER: Nome que recebe o construtor de instrumentos musicais, entre os quais pode estar a guitarra.



M
(mantón)


MACHO: Estribilho de alguns cantes. Estrofe que se acrescenta a alguns cantes para melhor finalizá-los. Equivale a troca.

MANTILLA: Manto usado na cabeça, geralmente de rendas.

MANTOCILLO: Mantón pequeno (formato de um quadrado).

MANTÓN: Xale grande de seda com grandes franjas.

MARCAJE: Determina ação de marcar. É utilizada para marcar a letra do cante.

MARCANDO: movimentos do dançarino durante a música

MELISMA: Grupo de notas sucessivas cantadas sobre a mesma sílaba, como adorno ou floreio da voz.

MOÑO: Coque de cabelo (penteado)



N


NATURAL: Uma classe de voz própria do cante flamenco. Voz de peito.



O


OLÉ: É um grito de entusiasmo diante da obra bem executada, mas não é só no flamenco que se usa, mas também com maior profusão nas touradas. Por outro lado, era um baile andaluz muito antigo, proveniente das danças ciganas.

ÓPERA FLAMENCA: Espetáculo flamenco de cante, baile, e guitarra que proliferou nos anos de 1920 a 1936 por toda Espanha, organizado por empresários profissionais, e apresentado quase sempre em praças de toros e grandes teatros.



P
(peineta e pericon)


PANTALONES: Calças compridas.

PALMAS: Palmas são tocadas para acompanhar a música e o baile flamenco. Existem vários tipos: abafada (sorda), dobrada (redoblás), viva, natural.

PALMEROS: Pessoas especializadas em "tocar" palmas, cuja função tem uma suma importância, pois tem que seguir o compás com todo rigor.. As palmas dão a base rítmica para os bailaores e músicos.

PALILLO: Castanholas do baile flamenco que foram instrumento da orquestra de Lucero Tena, que era muito boa em seu manejo. Não são usadas no flamenco puro.

PALO: Nome que recebe cada modalidade tradicional, do cante, baile e toque flamenco.

PALOSANTO: Tipo de madeira utilizada pelos construtores para distintas partes da guitarra. É um dos materiais mais apreciados para a fabricação de guitarra.

PAQUERO: Chama-se assim a gíria flamenca para os guitarristas que seguem a escola criada por Paco de Lucía.

PASEÍLLO: (Passeio) Determina a ação de passear. Utiliza-se na saída e na letra do cante, para unir as diferentes partes dos bailes e para tomar tempo entre as partes. Predomina a utilização dos braços e pode vir acompanhado de marcações do ritmo com os pés.

PASO DE CIGÜEÑA: É um característico passo de baile flamenco.

PEINETA: Pente pequeno, usado como enfeite nos penteados.

PEINETÓN: Peineta grande.

PELLIZCO: Comoção que produzem determinados cantes ou bailes no ânimo das pessoas que os escutam ou presenciam.

PEÑAS FLAMENCAS: Entidades constituídas em forma de associação por aficionados pela arte flamenca, para a exaltação e difusão do cante, baile e toque flamencos. Tiveram seu apogeu a partir do início dos anos 60 em toda a Andaluzia, estendendo-se por toda Espanha e diversos países estrangeiros. Nas Peñas, a arte flamenca é o tema contínuo das reuniões e dos recitais, tanto de intérpretes consagrados como de novas promessas.

PERICÓN: Abanico grande.

PICADOS: Escalas flamencas na guitarra.

PICO: Xale triangular.

PITOS: Estalar de dedos para marcação do ritmo. Som produzido pelo estalo do dedo meio com o polegar.

PLANTA: Sola do pé.

PLAYERAS: Nome antigo dos cantes por seguiriya. Termo pouco empregado.

POR DERECHO: Expressão utilizada para significar a interpretação fiel de um cante.

POR LO BAJINI: Diz-se do cante que se faz a meia voz, quase como um sussurro.

PUERTO DE CÁDIZ: Foi na época de César que o Porto de Cádiz adquiriu notoriedade e esplendor, exportando carnes/pescados conservados em sal e vinhos para Roma e outras províncias européias e africanas. A história torna-se um tanto obscura entre o século IV e o século XV em que a coroa Espanhola estabeleceria o Primeiro Porto na Bahia de Cádiz, fundando a Cidade de Puerto Real e conferindo-lhe exclusividade mercantil. Foi uma etapa de primazia do comércio africano que tomou o final do século XV e permaneceu em alta durante todo o século XVI. Entretanto com as grandes navegações e o sucesso do descobrimento de um novo continente, as portas foram abertas a um novo comércio: o das províncias de “ultramar”.

PUNTA: Ponta dos pés

PUNTEADO: Técnica de dedilhado.



Q


QUEJÍOS: Ayes (ais) que se executam no cante ao princípio, meio e final (lamentação).



R

RAJO: Tonalidade especial da voz que imprime maior emoção ao cante.

RASGUEADO: Técnica empregada pelos guitarristas flamencos onde as cordas do violão se roçam de baixo para cima usando todos os dedos.

REBOTE: Salto pequeno executado antes de certos golpes dos pés no solo.

REDONDA: Voz flamenca.

REDOBLE: No baile flamenco é um sapateado leve, cujo com se parece com o redobre do tambor, ou o que se consegue com a guitarra.

REMATE: (Arremate) Determina a ação de arrematar (enfatizar) um movimento ou uma combinação de movimentos. É utilizado para dar ênfase à queda do cante, nos momentos em que o cantaor respira e para finalizar uma seqüência de passos. Está constituído de diferentes e expressivos movimentos que incluem fortes sons de pés.

RICARDERO: São conhecidos assim os guitarristas que seguem fielmente a escola de Niño Ricardo.

RITOS: Rituais.



S

(sombrero)

SALÍA: Começo do cante.

SALIDA: Saída do dançarino. Salida/Entrada (Saída/Entrada) Corresponde à entrada do cante (do canto). Termina-se normalmente com um cierre (fechamento). É composta de paseíllos (passeios), marcajes (marcações), desplante, cierres e em algumas ocasiões uma pequena escobilla (sapateado).

SILENCIO: No baile de Alegrías é a parte que corresponde ao toque melódico em tom menor da guitarra. É composto de paseíllos e marcajes. Termina com uma chamada para dar início à "Castellana".

SOMBRERO: Chapéu

SON: Acompanhamento do cante ou baile mediante palmas, e ou castanholas, golpes, etc. (compasso).

SONANTA: Guitarra.

SONÍOS NEGROS: Ecos profundos, assustadores, surpreendente emanados de uma voz enduendada, de um cantor.



T


(tablao sevilhano)

TABLAO: Cenário para atuação dos artistas. Estabelecimentos como Bares e Restaurantes, onde se podem apreciar apresentações de flamenco. Os tablaos são os sucessores dos cafés cantantes.

TACÓN: Salto do pé, parte do pé em movimento..

TACONEO: Sapateado flamenco. Série de sons no compasso e rítmicos que se conseguem golpeando o chão com os saltos dos sapatos.

TEMPLE: Cantiñeos que o cantaor utiliza para encontrar o tom que a guitarra lhe dá.

TERCIO: Cada um dos versos que constam em uma copla de cante.

TOCAOR: Guitarrista flamenco. Tocador de guitarra.

TOMA QUE TOMA: Toma que toma!

TOQUE: Ação e efeito de tocar a guitarra flamenca.

TORSIÓN: Movimento característico do baile flamenco, que compõe uma figura difícil e forçada mas de grande qualidade estética. Consiste em retorcer o corpo tomando a cintura como eixo e orientando o resto em distintas direções.



V

VAMOS ALLA: Vamos! Anda!

VAMO YA: Vamos! já!

VOZ AFILLÁ: Denominação que se aplica ao tipo de voz rouca, grave e rasgada, mais apropriada para o cante gitano e jondo, por alusão ao cantaor El Fillo, que segundo a tradição oral possuía este tipo de voz.

VOZ DE FALSETE: Voz artificial utilizada para cantar quando não se tem qualidades naturais para fazê-lo.

VOZ LAÍNA: Designa a voz de tom agudo, fino.

VOZ NATURAL: Consiste em cantar com uma voz natural, tal como soa ao falar, sem utilizar impostações espaciais ao interpretar o cante. Também se chama de voz fácil.



Z



(zambra gitana)



ZAMBRA: Festa mourisca com música, alegria e algazarra. Posteriormente, festa dos gitanos andaluzes. Ainda hoje se cultiva a Zambra Granadina, nas Cuevas Del Sacromonte, formada por três bailes de Caráter Mínimo: la Alboreá, la Cachucha, e la Mosca, que simbolizam três momentos da boda gitana. Esta mímica, refletida na dança, pretende preservar uma antiga tradição do baile. São as juergas flamencas que os ciganos fazem em suas casas.

ZAPATEADO: Baile. Consiste em um baile sóbrio de grande presença flamenca, que surge a meados do séc. XIX. É uma combinação rítmica de sons executados com a planta, salto e ponta do pé, e é interpretado por homens. Quando dançado por mulheres, estas usam traje masculino. Atualmente o Zapateado flamenco se intercala na maioria dos estilos, tanto por homens como por mulheres, muitas vezes ficando a guitarra em silêncio, para ressurgir junto com os demais elementos de acompanhamento no momento de sua maior intensidade ou arremate. Sapateado bastante elaborado, com velocidade, alternando um ritmo mais lento, sendo que logo após acelera-se novamente.

ZORONGO: Baile interpretado ao compasso de um tango lento, com um cante calmo, tranqüilo. Teve grande popularidade no séc. XVIII.


fonte: http://flamencobrasil.com.br/

quinta-feira, 8 de abril de 2010

¡Olé! Eso és Flamenco! - O DUENDE FLAMENCO



¡Olé! Eso és Flamenco!


No Flamenco, Olé é a manifestação mais profunda de cumplicidade, repleta de emoção e entusiasmo que, via de regra, confirma seu caráter de elemento primário de comunicação entre aquele que escuta e aquele canta, entre aquele que assiste e aquele que baila, entre aquele que palmea e aquele que toca. Acredita-se que esta expressão é derivada da palavra árabe Alá (Deus). Assim, quando algo está além das palavras, seja ele cante, baile ou toque, um Olé que brota livre e espontâneo da garganta, é capaz invocar o Criador como expressão da admiração diante daquilo que se aproxima da perfeição. É também, uma forma de reafirmar nossa presença e participação como expectadores e ouvintes.




O DUENDE FLAMENCO 



O flamenco é a arte do duende.
Mais que uma entidade fantástica, o duende significa um estado de espírito onde a alma pode enfim comunicar-se com um encanto misterioso, representado não pelo domínio de uma técnica, ou a busca de uma estética, mas através de ambos expressarmos quem verdadeiramente somos.



Em uma sociedade pautada na conquista, onde a racionalidade é bastante valorizada e estimulada, o duende nos reporta a outros domínios. Pertence ao âmbito não verbal, emocional, muitas vezes esquecido, ausente pelas exigências do cotidiano, de naturalidade e frescor. O duende, que para muitos, em um primeiro momento, recria a imagem daqueles pequenos seres que guardam os tesouros escondidos e vivem no interior da terra, para o flamenco nada tem a ver com esta definição, significando um estado mágico e sobrenatural de absoluta entrega aos sentimentos expressos, seja no cante, na guitarra ou baile.





Os ciganos acreditam que o Duende está entre eles quando a família está ligada por laços de amor muito fortes, - uma vez que o flamenco é a prática de toda a família participando, seja cantando, palmeando, ou bailando - fazendo parte de um ritual.



Se o Duende para os ciganos está relacionado com a força da união, representada pela família, pelo povo que compartilharam ao longo da história, da mesma sorte, a resistência, a defesa do sagrado direito de ser o que se é, e graças a isto o flamenco se revelou através do lamento do cante, da guitarra e a força do baile, talvez este lamento toque dentro de cada um de nós, apesar de não pertencermos a esta cultura que lhe deu origem. Porque se refere ao que pertence a todo ser humano, a necessidade de expressar-se através de outra linguagem como forma de compreensão de si mesmo e do contexto que nos encontramos. Esta identidade defendida com tanta força e dignidade desperta em nós uma parte de nossa própria identidade, e que não se refere à cultura, mas a condição de DANÇAR.





O ato de dançar significa recriar o movimento. Descobrir as possibilidades do corpo de redesenhar no espaço, liberto da automatização dos movimentos cotidianos. Nossos referenciais - as vezes responsáveis pela resistência corporal em aceitar uma nova concepção - impedem uma nova leitura do movimento. Esta aceitação dependerá de nossa afinidade com a linguagem expressa, muito mais do que nossa crença na capacidade física, que pode ser superada na medida que conhecemos estas limitações e nos empenhamos em transcendê-las.



Buscar nosso melhor, reconhecendo nossa trajetória, é atingir o nosso "movimento mais perfeito" e este não se refere, em termos comparativos, a um movimento único de perfeição, mas apenas o movimento que representa nosso processo de crescimento, tendo em vista, que existem uma quantidade de perfeições tanto quanto existem seres vivos. Assim, a dança poderá contribuir de uma forma mais prazerosa, se for entendida como um processo individual de reconhecimento interno e criativo, redimensionando suas possibilidades de aplicações e objetivos.

Mônica Raphael (1996/1997)






segunda-feira, 5 de abril de 2010

Arte Flamenca - De un bailarín a otro

De un bailarín a otro.

(por Rodolfo Solmoirago – Presidente de la Federación Argentina de Profesionales de Danza FAPD y de CIAD)



La Danza tiene el Don más sublime de hacer una humanidad mejor, a través de un hombre mejor;


Pero es la Danza Arte, la que crea y la que eleva.


Debes buscar en cada movimiento, forma y figura el sentido de la expresión, TU sentido, que por ser tuyo, será único.


La Danza puede cambiar el rumbo de la historia y de las cosas;


No obstante… es aquella que mira al prójimo para compartir, más aún primero, debes mirar muy, pero muy dentro de ti.


Porque si tú no te encuentras en ella, nada podrás dar…


La Danza puede darte la fortaleza para alcanzar los sueños más intrínsecos;


Mas para esto debes practicarla con seriedad y dignidad, porque ese será el mensaje de tu alma, para Él, para el otro, y para ti mismo.


La Danza puede hacerte más inteligente y la podrás usar para el bien de todos los que te rodean;


Mas no te fijes ni critiques los que los demás hacen, porque cada uno de ellos, como tú, estarán buscando su camino, y cada uno como tú, tendrá dificultades que deberá superarlas y habilidades que explorar.


La Danza puede elevarte a planos indescriptibles;


Mas en cada cosa que hagas en ella, buscaras la perfección, porque esa perfección que logres afuera, será la de adentro.


La danza puede hacerte un ser universal a través de la danza de los pueblos;


Pero no olvides que ellas tienen un porqué de cada cosa, y descubrirlos hará que lo hagas con respeto, porque estarás interpretando su sentimiento y su historia de vida.


Tú puedes ver dentro de los otros;


Porque podrás con la danza ser todos, mas para ello, debes abrir tu espíritu, pleno, seguro, bondadoso, sin límites de ni una especie, a todos.


La Danza puede ser la última carta que tenga el hombre para jugarla;


Donde todas las profecías y las consignas de todos los tiempos marcan un designio fortuito del que no cumplió.


Mas la danza concepto, la que hace al hombre sensible a Dios, a su creación, la naturaleza y los demás, la primigenia, la del principio de los principios, te eligió.


Te dio la sensibilidad que da la fortaleza interior de discernir entre el bien y el mal.


Podrás ayudar hacer ese cambio que la humanidad está esperando…Tú, que has elegido la danza como forma de vida y expresión, no eres un cualquiera.


Sino un elegido que tiene una misión suprema, la de transmitir en el lenguaje de todos los tiempos y naciones: El don de la vida.


Por este motivo, y por mucho más, debes hacer, enseñar y mostrar que la Danza, es un elemento decisivo en el Ser de los hombres de la tierra.


Grandes nomes do Flamenco Mundial



Eu poderia escrever muitas páginas sobre "bailaores y bailaoras del mundo", mas aqui eu elenquei aqueles que constituem referência para meu estudo pessoal. Este post tem a intenção de ser impermanente e ser alterado a medida que eu for entrando em contato com novos estudos, aceitando, inclusive, boas sugestões.



ANTONIO GADES



Tive a oportunidade de assistir Antonio Gades e sua Cia de Dança, ao vivo, na praça, quando ainda morava na cidade de Campinas/SP, em 1995. Poderia dizer que foi a apresentação que mais marcou minha vida e foi naquele momento que tive certeza absoluta que queria estudar e compreender o Flamenco.

Antonio Gades sempre foi crítico quanto à maneira como era interpretado o flamenco. Para agradar turistas, prostituía, em sua opinião, a cultura do povo. Para Gades, era necessário eliminar todo ouropel de mau gosto, as lantejoulas, os virtuosismos, enfim, tudo que fosse supérfluo, e trazer à luz a essência da dança. Na busca de uma nova coreografia, inspirou-se em movimentos artísticos contemporâneos como o abstratismo e o surrealismo na pintura e na literatura.



Reinventada por Gades, essa dança tem agora uma nova introversão, que se concentra no dinamismo do sapateado, ecoando nos braços e nos movimentos de rotação do corpo. É o cante que define e orienta os matizes da dança, da mais ligeira à mais grave, da mais picante à mais sombria e fatal. Toda uma rede de tensões amorosas se faz ver na tensão angulosa dos gestos, acentuados por afetos incompreensíveis, controladamente descontrolados. O mínimo que se pode dizer, em suma, é que Gades foi um dos principais responsáveis pela evolução moderna da dança flamenca.



Segundo suas próprias palavras: “Para mim, o flamenco é uma religião. Consegui catalisar, pesquisar e estudar várias tendências do flamenco que existiam na época, mas acho que o mais importante foi o resgate de várias danças do folclore espanhol. Meu maior mérito foi dar unidade a todo esse tesouro vindo de várias regiões. Tudo o que fiz veio de muito estudo, muita pesquisa e muito sofrimento criativo.”






JOAQUÍN CORTÉS





A crítica européia tem classificado Joaquín Cortés como o grande dançarino de flamenco da nova geração. Ele é tido como um continuador do trabalho de Antônio Gades, mas com a especificidade de levar ao palco passos de Ballet Clássico,  Moderno e Jazz associados ao tradicional Flamenco. O resultado tem sido polêmico e inovador, e tem projetado Cortés para além das fronteiras da Espanha. No cinema, ele já arrebatou a atenção de gente como Pedro Almodóvar (A Flor do Meu Segredo) e Carlos Saura (Flamenco).



No Brasil, muitas Escolas não apreciam seu trabalho, afirmando descaracterizar o flamenco tradicional. Há muitas controvérsias no meio, no entanto, o carisma, criatividade e talento são inegáveis.



“Pasión Gitana estreou em 1995 na Espanha ... A peça tem 10 coreografias, que representam momentos específicos da cultura cigana, que vão desde os aspectos místicos até o tradicional amor visceral. Homenagem explícita a essa cultura, esse trabalho tem recebido aplausos de jornais como o El País, que diz: 'Cortés é o melhor bailarino de sua geração e o divulgador mais importante da dança espanhola nos últimos anos.' O francês Le Figaro afirma que o surgimento do dançarino é uma revelação e o coloca como um mestre do flamenco. O Sunday Times não fica atrás ao comparar Cortés a Nureyev e Baryshnikov, afirmando que, na atualidade, ele não tem rivais entre as figuras masculinas da dança.”




SIMONE ABRANTES

Impressionante como o Flamenco nos fala à alma e suas imagens ficam gravadas numa memória profunda, penso eu, por muitas vidas. Um show que exerceu muita influência na minha maneira de ver essa Dança, foi uma apresentação que presenciei em 1999 no Teatro do Liceu Cuiabano, em Cuiabá/MT, feita por uma orquestra de Câmara acompanhada pela bailarina Simone Abrantes.  Infelizmente essa bailarina não mora mais no Brasil, reside na Alemanha.  Mas sua expressividade e força em cena ficaram cravadas em minha percepção para todo sempre e posso dizer que fazem parte da minha maneira de dançar o flamenco e de coreografar, acima de tudo.







LA MORITA (Curitiba/PR)

Amália Moreira é La Morita uma das mais representativas artistas

 flamencas do Brasil.  

Ela transmite  toda a força e sentimento do autêntico Flamenco, 

com suas castanholas e um baile típico de quem vive o flamenco 

intensamente.  Estudar Flamenco com La Morita, ultrapassa o 

acadêmico, é aprender a verdadeira arte do duende em sua 

totalidade. Após ter passado meses na Europa - em Paris estudando 

dança barroca com a professora Marie-Geniéve Massé e, em 

Madri, flamenco com Juan Antonio de Los Reyes - e apresentando-

se em várias cidades da França, Alemanha, Suíça e Itália, La 

Morita retornou a Curitiba onde ministra aulas. 

La Morita é uma mestra para poucos, para quem quer de fato uma imersão noautêntico flamenco andaluz.

Arte Flamenca - Poesia e Artes Plásticas

Dança Flamenca

(Ferreira Gullar)





Começa com as castanholas

zoando em nossos ouvidos

e a vibração das violas

os baques os estampidos

dos pés dessas espanholas

que ao emitirem zumbidos

de abelhas com as castanholas

parecem atrair maridos,

e no trepidar de solas e de saltos repetidos

pernas movidas a molas

e desejos reprimidos

lê-se a lição espanhola

do garbo e gestos medidos,

do orgulho que vem das solas

dos pés aos queixos erguidos,

que nas fêmeas são estolas,

saias, babados, vestidos,

e nos homens são gemidos

de peito humano e violas,

mas são gemidos fingidos,

de quem deseja é a corola

oculta sob os vestidos

dessas fêmeas espanholas,

feitas de sangue e zunidos,

de unhas e castanholas,

coxas, nádegas, grunhidos,

olhos negros, ventarolas

com seus punhais escondidos,

é a dança flamenca, a escola

que ensina Espanha em batidos

de pés e mãos, saltos, solas,

que ensina Espanha em gemidos

de marmanjos e violas,

a Espanha das castanholas,

do desejo e seus zumbidos,

dos pés e seus estalidos,

dos tumultos repetidos

de coxas, pernas, gemidos...



Espanha, dança flamenca,

Espanha pelos ouvidos.



Flamenco: Quem dança é mais feliz!

Quem dança é mais feliz!




Apaixonar-se pelo flamenco requer uma entrega profunda, íntegra, para saborear os lamentos do cante, as quebradas do baile e o rasgueado da guitarra. É necessário sentir, sem fazer perguntas, vibrar sem buscar possíveis explicações.



Que apelo é este, capaz de seduzir desde o mais erudito ao mais popular? "Las Mascaras del Flamenco" aproximam as culturas, comparte emoções e envolve o público na densa atmosfera. Desvendar seus mistérios seria impossível, no entanto, podemos compartilhar.



(texto extraído do site do TABLADO ANDALUZ, de Porto Alegre/RS)







Sincronia e Sensualidade







Origem Espânica, a dança espanhola vinda das tribos nômades, os ciganos. Dinâmica e teatral,essa dança exige do aluno muita garra e energia.Trabalha o movimento dos pés, perfeitamente sincronizados com as mãos, e , por vezes, até da utilização de castanholas, mantons ou leques.



Acostumados com a cultura imediatista, a primeira coisa que a pessoa pergunta é: quais os benefícios desta dança... Quem pensa que rapidinho e com poucas aulas os obtém, pode se desiludir.



FLAMENCO é disciplina, concentração, e muita, muita repetição...



O Porte altivo e os movimentos sensuais de braços e mãos compõem a figura tradicional da bailarina flamenca. O sapateado vigoroso enrijece pernas e glúteos. As aulas desenvolvem a coordenação , a musicalidade e o senso rítmico. Força e sensualidade são os elementos característicos desta dança, que vem sendo cada vez mais praticada em todo mundo.









A dança flamenca pode ser utilizada como uma atividade física, lúdica, educativa, sociabilizante, terapêutica, sem perder sua função como arte. Por ser uma atividade em grupo, proporciona vivênciar experiências coletivas, necessárias ao seu desenvolvimento pessoal e como cidadão. A auto-estima, o autoconhecimento , a interpretação são fatores muitas vezes benéficos para o desenvolvimento da personalidade. Além da flexibilidade, controle motor, coordenação, ritmo, alinhamento postural, controle da respiração que são fatores amplamente trabalhados.



A Dança, como arte, trabalha diretamente a criatividade, não só corporal na forma de movimentos e expressões, mas intelectual, através de exercícios de memória e composição coreográfica. É uma atividade extremamente benéfica, quando bem administrada, e praticada de forma regular, observando sempre os exercícios de compensação e relaxamento da musculatura exigida.



Devemos ter certeza da formação e qualificação do profissional responsável, para bom andamento da atividade e manutenção dos benefícios.



Para os adultos e para terceira idade, a dança traz grande entusiasmo e possibilita uma melhora expressiva na Qualidade de Vida.







“Atualmente, o flamenco passa por um processo de reatualização de linguagem, com o desenvolvimento de um virtuosismo técnico na dança e de uma variedade musical e rítmica extremamente elaboradas.” (Ana Moreno)






"Os pés golpeiam o chão, alternando passos vigorosos e sutis.



As palmas marcam o compasso e enchem de vida cada passo.



No rosto da bailarina, a dor ou a alegria da guitarra e da voz do "cantaor".



Ela acelera o ritmo e os músicos a seguem.



Em um movimento forte, ela finaliza.



Silêncio no público.



Aos poucos, os aplausos começam e vão se intensificando."




A empresária Cristina Reis, que tem 40 anos e também dança flamenco numa academia, vê ainda outras vantagens na dança.



Os benefícios do flamenco são todos no campo emocional e físico. Emocionalmente, me sinto mais forte, mais bonita. Sou apaixonada pelo flamenco. Quando me apresento nos palcos, acredito que sou uma artista. Estudo e faço aulas todos os dias, não tenho a pretensão de ser profissional, mas a dança me torna uma pessoa mais feliz. Meu corpo ganhou tônus muscular e, através do flamenco, descobri minha vocação profissional. Tenho uma confecção de roupas para dança, onde crio figurinos e roupas para aula. Viajo todos os anos para a Espanha, Madrid e Sevilha, de onde trago muitas novidades para o povo flamenco”, conta Cristina. A empresária viu no flamenco uma alternativa às academias de ginástica. “Já tinha passado da idade para fazer balé e, quando me matriculei em uma academia para fazer flamenco, encontrei pessoas da minha idade, e moças mais jovens também. Aí percebi que o flamenco não tem idade, não tem corpo. Tem arte, expressão”.





A Dança Flamenca é excelente também para corrigir vícios posturais. A dança flamenca é marcada, em sua maior parte, pela manutenção de uma postura típica de extensão do tronco, retrusão e depressão dos ombros, adução e depressão das escápulas, alongamento do pescoço e encaixe da coluna lombar com uma leve flexão do joelho (o que vai limitar os movimentos de rotação excessiva da coluna lombar). Tudo isso vai gerar um trabalho intenso da musculatura estática do nosso corpo, ajudando a corrigir problemas posturais, tensionando e fortalecendo toda a musculatura tônica presente na coluna vertebral, sem falar na dinâmica, gerando posturas que vão se assemelhar aos princípios de uma reeducação postural. Isso tudo pode ser perfeitamente sentido durante uma única aula de 1 hora, e os benefícios para a coluna vertebral e os grupos musculares diretamente envolvidos com ela (como a cintura escapular e cintura pélvica) só tendem a crescer com a dança. Entre outros benefícios, temos: ajuda na correção de vícios posturais e desenvolvimento da consciência corporal através do aumento da flexibilidade, da elasticidade e fortalecimento musculares." (Aline Barreto, fisioterapeuta e RPGista)




A aula é dividida em duas partes. A primeira enfatiza a técnica trabalhando a postura correta, os giros e a posição correta de braços e pernas. A segunda é dedicada ao desenvolvimento das coreografias. É muito importante prestar atenção na música, aprendendo a fazer a contagem certa do tempo. Com o desenvolvimento dessa sensibilidade rítmica, o bailarino consegue dançar em total sincronia com a música, entregando corpo e alma ao ritmo contagiante do flamenco.




O flamenco faz bem para o corpo e para a alma. Quem dança torna-se mais belo, mais seguro e mais feliz!